É com muito orgulho que sou da geração que viu Pokémon nascer e orgulho-me ainda mais por ter crescido a capturar monstrinhos de bolso neste universo viciante e único que é o mundo Pokémon.
Quando a série televisiva rebentou nas televisões nacionais a euforia em torno de Ash e pikachu foi global. Não existia uma única criança que ficasse indiferente a estes novos heróis e o fascínio causado era quase celestial.
Assim como qualquer outra criança que viu o pikachu pela primeira vez numa pequena janela que nos transportava para um mundo completamente á parte, também eu morria de fascínio por aquela pequena criatura amarela de bochechas vermelhas que constantemente fazia ''pika pika''.
Em 1999 o meu fanatismo por Pokémon estava no seu auge e eis que cai uma pena de anjo surgida dos céus. Pokémon Blue e Red são oficialmente lançados na Europa. Se ver os meus heróis na televisão já era bom, que sensação teria eu ao controlá-los?
No natal do respectivo ano a euforia era enorme, a esperança em ter finalmente um jogo Pokémon só para mim era imensa e não conseguia aguentar aquela vontade incontrolável de experimentar o meu primeiro jogo Pokémon. Esperar longas horas até que chegasse a meia noite nunca foi bem o meu forte.
O relógio finalmente deu as dozes badaladas da noite e lá fui eu a correr abrir os meus presentes. No meio de brinquedos, vídeos, doces e roupa encontrei um game boy color e nesse instante tive o sorriso mais largo que tinha tido até á data. Abri todos os presentes mas faltava algo. Onde estava o meu jogo Pokémon? Perguntei á minha mãe e ela diz-me que era muito caro e que infelizmente não mo pôde oferecer. No meio de uma enorme tristeza fui esconder-me para o quarto abraçado ao meu peluche do pikachu.
Poucos minutos passaram até que a minha mãe me chamasse para ir á cozinha por motivos que eu desconhecia. Cheguei e ela disse-me para ir ver o que estava dentro do sapatinho que se encontrava na chaminé. Sem qualquer sorriso mas com um olhar esperançoso, lá fui eu a correr meter as mãos dentro do sapatinho e abrir o embrulho que lá estava dentro.
Após rasgar o embrulho dou por mim a pegar no Pokémon Blue e a ter um enorme ataque de hiperactividade. Após me acalmar fui deitar-me, pego no cartucho do jogo, enfio-o no Game boy color, ligo a portátil e sorrio ao ouvir aquele ‘’plin’’ do jogo a iniciar. Começo a minha aventura e dou de caras com um rpg puro, onde a principal objectivo é ganhar os oito crachás, sucessivamente derrotar a elite four e coleccionar todos os 151 pokémons. Dei de caras com a minha primeira desilusão no jogo. Onde está o pikachu que o prof. Oak nos dá? A escolha inicial era entre Charmander, Squirtle e Bulbasaur. Foi aqui que comecei a perceber que o universo pokémon era distinto nos videojogos e na série de televisão. Mas o que era esse pequeno pormenor dentro de um mar de vício e perfeição que fazia as delícias de qualquer fã de Pokémon? Até porque mais tarde comecei a sentir muito mais prazer em fazer a minha jornada juntamente com um Charmander como companheiro inicial de viagem (ou não fosse o Charizard um dos meus pokémons favoritos).
Ter o pikachu entregue pelo prof. Oak não era o que muitos desejavam? Em 2000 os desejos foram tornados realidade e surge um novo jogo, Pokémon yellow. Aqui pikachu acompanha-nos desde o início da nossa jornada e ainda mais divertido é que não nos larga um só momento, ou seja, segue todos os passos que damos e até podemos interagir com o pequeno rato eléctrico.
Este foi o meu segundo jogo pokémon e embora se mantivesse quase idêntico ás duas versões anteriores, o pormenor do pikachu e de existir o verdadeiro team rocket da série, foram a cereja no topo do bolo para tornar o jogo perfeito para os milhares de fãs de Pokémon.
O que torna Pokémon viciante é o enorme coleccionismo existente, o facto de termos de os apanhar a todos é contagiante e podermos trocar com os nossos amigos é um pormenor fantástico que torna o vício ainda maior.
Tudo isto transmitido numa portátil, o que na altura foi uma inovação notória e o que é certo é que milhares de jogadores, assim como eu, raramente largavam a consola. Dava por mim a ser massacrado pelos meus amigos para ir jogar á bola para o jardim e para não os ouvir mais, lá pegava eu na minha bicicleta com o game boy color no bolso e pedalava até ao jardim. Dava uns toques na bola com a mania que era o Figo dos pokémons (naquela altura não existia Messi), dava cacetadas nuns quantos, marcava uns golos, comíamos todos um lanche e depois chegava a hora de nos deitarmos todos na relva a treinar para os nossos pokémons subirem de nível e evoluírem.
O sucesso estava alcançado, Pokémon era já uma lenda que transpirava fãs por todos os cantos do mundo.
Na televisão estreia a temporada Johto, e como seria de esperar, são lançados dois novos jogos que trocam a região de Kanto por Johto, pokémon Gold e Silver. A mecânica continua a mesma dos jogos anteriores, com gráficos melhorados e novas funcionalidades como a existência de relógio incorporado, o facto de existir dia e noite e os pokémons terem sexo. No início do jogo podemos escolher entre Cindaquil, Totodile e Chikorita. Pessoalmente escolho o Cindaquil, e dizendo a verdade, raramente escolho outro pokémon inicial que não seja o de fogo.
Foi a partir desta altura que percebi que a essência Pokémon estava nos videojogos mais core da série e não na série de televisão que com o tempo se tornou repetitiva e sem qualquer nexo. Pouco diferenciava um episódio do outro e nota-se claramente que tudo o que está para além da primeira temporada serve apenas para dar continuidade ao sucesso Pokémon, mesmo que não apresente qualquer qualidade. Portanto esta foi a altura que deixei a série de lado e concentrei-me apenas em viver as minhas aventuras Pokémon no universo dos videojogos.
Tal como aconteceu com Pokémon red e blue que receberam uma versão melhorada através de Pokémon yellow, também as versões gold e silver o mereceram e em 2001 é lançado Pokémon crystal. Foi com esta versão que os pokémons começaram a ter as suas primeiras animações notáveis.
Como já perceberam o Pokémon foi crescendo ao mesmo ritmo que eu, ou seja, crescemos mutuamente e posso-me gabar de ter acompanhado toda a evolução da saga sem nunca ter perdido o interesse para tal.
Em 2003 chega para o game boy advance a nova geração de jogos pokémon, as versões Ruby e Sapphyre. Quando fui comprar a versão Ruby a minha mãe questionou-me o porquê de o fazer e se não achava que já tinha idade para largar jogos desta natureza. E é nestes momentos que me questiono o porquê de existir esta discriminação em redor do Pokémon. Para muitos é uma coisa de crianças, mas penso que esse preconceito existe apenas devido á série que tem ficado cada vez mais infantil com o passar dos anos, até porque os videojogos da franquia principal têm evoluído cada vez mais para um conceito mais core. Mas lá consegui convencer a minha mãe que jogar Pokémon não é para crianças e fui comprar o Pokémon Ruby.
Com uma nova geração Pokémon, chega uma nova região e o palco das nossas aventuras passa a ser Hoenn, onde podemos escolher para nosso companheiro inicial Treecko, Torchic ou Mudkip e onde o Team Rocket é trocado pelo Team Aqua e Team Magma, que passam então a ser os novos vilões do jogo.
Em 2004 chegam duas pérolas ao Game Boy advance, remakes puros das versões green e red com os nomes de leaf green e fire red. Para quem acompanhou todo o desenvolvimento da saga, poder jogar a estes dois remakes passados cinco anos após o lançamento das primeiras versões Pokémon é um presente dos céus. Toda a essência das duas primeiras versões está lá, é como jogar aos primeiros jogos com gráficos mais recentes. É um sentimento único que transmite uma nostalgia extrema.
Em 2005 é a altura certa para o lançamento de pokémon emerald, a versão melhorada das versões ruby e sapphire que vem introduzir novas áreas á região de Hoenn.
Efectuada a passagem para uma nova geração de portáteis, é a altura do lançamento de Pokémon Diamond e Pearl para a Nintendo DS. Em 2007 surgem estes dois novos títulos pokémon com uma nova região para explorar e novos monstros de bolso para capturar. Twinleaf Town é o novo palco da nossa aventura como treinador de pokémons e como seria de esperar a nossa jornada começa com um novo pokémon entregue pelo professor da nossa aldeia natal. Podemos escolher entre Turtwig, Chimchar e Piplup. Foi com enorme satisfação que aderi a esta nova geração, pois a verdadeira essência pokémon continuava presente a cada novo título lançado. Grafismo melhorado que mistura 2D com 3D, novas perspectivas de câmara, concursos pokémon, etc. são pontos positivos que foram acrescentados ao universo jogável de pokémon, mas o que sempre esteve perfeito não foi em nada alterado, o que só veio tornar a experiência de jogo mais complexa, continuando a dar-nos o enorme prazer a que sempre nos habituou.
Como já tem sido habitual em toda a franquia de jogos core de Pokémon, surge em 2009 a versão melhorada das versões Pearl e Diamond, com o nome de Pokémon Platinum.
Dez anos passaram desde que nasceram as versões Gold e Silver, corria o ano de 2010 e eis que chegam Pokémon heart gold e soul silver, remakes directos das suas versões passadas, e que para mim, são sem qualquer sombra de dúvida os melhores jogos Pokémon até á data.
No seu lançamento tinha eu 19 anos, e mesmo com a adolescência no seu auge e com muitos dos meus amigos a criticar os meus gostos por Pokémon, não pude esconder o meu estado eufórico por presenciar o lançamento de dois remakes das versões que mais me marcaram no passado. Como fã incondicional do universo Pokémon e especialmente por ter um gosto especial por sentimentos nostálgicos, quis ser o primeiro a comprar estas duas novas versões. Qual é o meu espanto quando chego á loja duas horas antes de ela abrir e já está uma enorme fila á porta. Tudo para comprar o mesmo que eu…
A loja abriu e a fila foi diminuindo de tamanho. Quando chega a minha vez, pego nos dois jogos e pago-os, respirando de alívio por já ter aquilo que pretendia. Demorei uns longos dez minutos a chegar a casa, o que pareceram ser horas a fio, descontraí e finalmente pude matar os meus desejos nostálgicos mais profundos. Em termos mecânicos pouco mudava em relação ás outras versões da mesma geração, a não ser a nossa aventura passar-se na região de Johto. Cada jogo vinha acompanhado de um Pokewalker, um acessório de luxo que se assemelha bastante a um tamagotchi que nos permite treinar o nosso pokémon em qualquer lugar.
Um ano depois chega a quinta geração de jogos Pokémon com Pokémon Black e White. Não me vou alongar muito acerca destas duas versões porque ainda não tive oportunidade de as experimentar, mas certamente que um fã incondicional como eu não as irá deixar escapar.
Pokémon é uma das séries mais amadas em todo o mundo. Aquilo que começou apenas por ser umas descargas eléctricas de um rato amarelo, é hoje uma marca celestial de sucesso que consegue arrastar novos fãs a cada dia que passa. Eu não fiquei indiferente a todo este universo e quis transmitir-vos a minha experiência como ‘’pokémaniaco’’.